domingo, abril 3

Paladar

Gosto do gosto de buceta branca.
Em verdade gosto de tudo quanto é tipo de buceta.
Bucetas magras, bucetas polpudas, bucetas peludas, bucetas raspadas.
Mas me encantam mesmo as buceta claras.

Melhor ainda se os olhos
Que a acompanham forem verdes
E mudarem de tom conforme o tempo.
Se chover mais escuros, no sol clareados.

Melhor ainda se a pele
Que a veste for alva
Com as veias azuis do abdome
Subindo até o pescoço gentilmente.

Gosto do gosto de buceta branca.
Em verdade meus dois grandes amores
Têm virilhas de leite e pelos amarelos,
Às vezes, na variação das luzes, quase avermelhados.

Melhor ainda que são belas
E de olhos claros, e que as vivi.
E persegui o curso de suas veias,
Das falanges dos dedões às escondidas nos céus das bocas.

Melhor ainda que elas ainda vivem
Traçando seus caminhos, pouco importa
Se distantes dos meus. Nossas vidas
Um dia se bordaram. Muito isso me basta.

Gosto do gosto de buceta branca.
Em verdade não as escolhi,
Elas simplesmente me ganharam
Nas intersecções de seus entroncamentos.

Melhor ainda que me desejaram,
Engoliram-me enquanto os olhos
Que as acompanhavam me davam
O inusitado prazer de ser o agora e o depois.

Melhor ainda que me amaram.
Quiseram-me em suas mesas e
Em seus banhos. E vestiram seus seios rosados
Com minhas blusas sem botões.

Eu gosto mesmo é do gosto de buceta branca.

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